quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Missão: Coruja-das-torres I



Tudo apontava para um grande dia a fotografar. De manha fui bem cedo para Pancas antes do início das acções de voluntariado para a SPEA no âmbito do projeto "Linhas Elétricas" e consegui fotografar uma águia-calçada demasiado perto de mim. Passei o dia a caminhar debaixo de linhas elétricas à procura de aves mortas por colisão ou por eletrocussão, debaixo do calor e a ver libélulas e insetos esquisitos por todo o lado. Tivemos a companhia de um simpático e amigável cão que protagonizou uma autêntica cena de um filme ao tentar "saltar" uma vala de um lado ao outro, mas esquecendo-se que já estava demasiado pesado, foi ver uma enorme bola de pelo a saltar, a ficar parado no ar por uns segundos e a desaparecer dentro da vala (de meio metro), surgindo uns segundos mais tarde todo contente a correr na nossa direção. Depois decidiu dar um mergulho e enquanto nadava aproveitava para beber água, claro que quando saia molhava tudo e todos, depois como quem não percebia o que fazia vinha roçar-se nas nossas pernas para se secar mais depressa. Fomos perseguidos por gado bravo (vacas e cavalos com crias) que olhavam para nós e julgavam que tínhamos comida para eles.

 
No final de tudo isto finalmente tive tempo para ir fotografar as corujas-das-torres (Tyto alba) à ponta da erva, como as atividades acabaram cedo tive de ficar algum tempo à espera (4 HORAS!!), mas como aquela região é bastante rica biodiversidade deu para estar entretido a fotografar as águias-sapeiras, os flamingos, e a tentar fotografar os peneireiros-cinzentos que nem se deixavam aproximar. Findo tudo isto, concentrei-me nas corujas-das-torres. Primeiro que tudo verificar o material, pinhas cheias e novas, baterias carregadas, modo manual selecionado e preparado para a fotografia noturna, foco bom e potente a funcionar (julgava eu), foco pequeno e a bateria não oferece luz suficiente e a lanterna de mão para casos de emergência em posição. Algum tempo de espera e chegava finalmente a noite, liguei o foco ao isqueiro do carro e comecei a percorrer os postes à procura de corujas. Encontrei o que julgava ser uma coruja, liguei o foco e booooommmm!! Faíscas a sair do isqueiro e rádio pifou... Desliguei e voltei a ligar e nada. Rádio nada. Começou bem, pensava eu. O que julgava ser a coruja era afinal um peneireiro-cinzento que rapidamente fugiu com aquele aparato todo. Restava-me apenas os faróis do carro, que por azar não conseguem iluminar os postes, ficando a iluminar o chão, mas tinha de ser suficiente. Percorri a estrada e nem um sinal de corujas, nada de nada, ao longe vi que se aproximava um carro e que vinham com um foco, uns segundos depois e vejo um flash, também estavam às corujas. Parei o carro e esperei que parassem de fotografar como qualquer bom fotógrafo faz, para evitar incomodar os animais ou levar a que os mesmos fujam. Quando finalmente passaram por mim levavam os máximos ainda ligados e para chatear apontaram o foco na minha direção (só pensava "obrigadinho" pelos meus olhos...). Segui na direçao oposta para tentar a minha sorte, mas nada.

 
Só meia hora mais tarde encontrei a primeira coruja, apontei o carro na sua direção e puff... Máquina não a queria focar, bolas, só pensava "mais vale ir já para casa..." mas já lá estava há mais de quatro horas, não ia desistir agora. Depois disso, encontrei mais de 20 corujas e consegui fotografar mais de metade, mesmo com o flash a demorar quase meia hora a recarregar (julgamos nós, quando mais precisamos cada segundo parece uma eternidade). Não apanhei nenhuma coruja com um ratinho no bico, mas fui-me concentrando noutro tipo de fotografia, corujas em pleno voo. Como estava lua cheia conseguia vê-las a pairar no ar, só tinha de conseguir focar na escuridão e disparar...Nada feito, tudo desfocado, restava quando as apanhava paradas e saiam a voar, o problema é que sem foco ao levantarem voo saiam do raio de acão dos faróis do carro e as fotografias ficaram todas desfocadas ou sem corujas.
 
Um dos objetivos foi cumprido, restando outras fotografias que gostava de realizar. Resta agora arranjar o foco e tentar mais uma vez.

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